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Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix no primeiro semestre, aponta relatório do Coaf

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Gustavo Magalhães Segundo o órgão, as movimentações ocorreram entre os dias 1º de janeiro e 4 de ju...

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Gustavo Magalhães
Segundo o órgão, as movimentações ocorreram entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho e somam mais de 769 mil transações bancárias
BRASÍLIA | Thiago Nolasco, da Record TV, e Bruna Lima e Camila Costa, do R7, em Brasília
Menos de um mês depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que já havia arrecadado dinheiro suficiente para pagar todas as multas que sofrera em processos judiciais e eventuais novas punições, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revela que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões via Pix nos seis primeiros meses deste ano.
Segundo o Coaf, só entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República recebeu mais de 769 mil transações via Pix — que totalizaram R$ 17.196.005,80. Na época, ele fez uma "vaquinha" virtual para pagar multas. Fontes próximas ao ex-chefe de Estado confirmam os valores.
Bolsonaro assumiu neste ano o cargo de presidente de honra do PL. O salário é de R$ 39 mil. Além desse valor, ele recebe aposentadoria do Exército e da Câmara dos Deputados. Os rendimentos somam mais de R$ 75 mil mensais.
Um dos que ajudaram Bolsonaro foi Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e investigado por um suposto esquema de rachadinha. Ele fez um Pix de R$ 10 para o ex-presidente e publicou o comprovante da transferência em uma rede social, no dia 24 de junho.
Além de Queiroz, os deputados federais André Fernandes (PL-CE) e Gustavo Gayer (PL-GO) publicaram comprovantes de transferência para o ex-presidente. O primeiro doou R$ 22, número de cédula de Bolsonaro no ano passado. O goiano repassou R$ 50. Eles afirmaram que o ex-presidente é vítima de "assédio judicial" e que precisa de ajuda para pagar "diversas multas em processos absurdos".
A mobilização em prol de Bolsonaro começou em 23 de junho. Deputados e influenciadores fizeram uma campanha de "vaquinha" para levantar dinheiro para que ele pagasse multas judiciais.
Em 14 de junho, a Justiça de São Paulo mandou bloquear mais de R$ 500 mil nas contas bancárias do ex-presidente em razão do descumprimento da regra sanitária imposta em meio à Covid-19 sobre o uso de máscaras. A dívida de Bolsonaro com o Governo do Estado de São Paulo já passa de R$ 1 milhão.
Advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten chegou a dizer que a campanha de doações não partiu da equipe de Bolsonaro. Contudo, o próprio Wajngarten publicou em uma rede social a chave do Pix de Bolsonaro com a indicação de que a conta era do Banco do Brasil.
O R7 procurou Wajngarten, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
O Coaf tem como atribuição legal receber, examinar e identificar as ocorrências de atividades ilícitas previstas na lei 9.613/1998, que define regras a respeito da prevenção aos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Relembre
Condenada em várias ações, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) também usou as redes sociais para pedir dinheiro aos eleitores para pagar indenizações nos processos judiciais em que foi condenada. Em um vídeo, a parlamentar diz que, somente em um mês, precisou pagar R$ 65 mil em indenizações, o que a levou a pedir um empréstimo bancário.
Outro foi o ex-deputado pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira. Após visitá-lo em Bangu 8, a defesa de Silveira resolveu iniciar uma campanha em suas redes sociais para arrecadar valores para "resgatar sua dignidade" e ajudar a família, que estaria passando por necessidades financeiras, de acordo com os advogados.