Influenciadora morreu, nesta terça-feira (7), em decorrência de complicações durante uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos Modelo e in...
Influenciadora morreu, nesta terça-feira (7), em decorrência de complicações durante uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos
Modelo e influenciadora morreu, aos 29 anos
Luana Andrade morreu, nesta terça-feira (7), aos 29 anos, em decorrência de complicações durante uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos. A fatalidade levantou uma discussão nas redes sociais sobre a realização de procedimentos estéticos na busca de um "corpo perfeito". Porém, segundo Brenda Paixão, amiga próxima da influenciadora, a cirurgia aconteceu para resolver uma doença. Luana tinha lipedema nos joelhos.
Brenda postou uma sequência de vídeos nas redes sociais em que revela a real a situação da amiga. "Luana tinha lipedema nos joelhos. Falava dessa cirurgia desde a época do Power… Sempre foi sua vontade remover, falou sobre isso comigo algumas vezes, trazia muitas inseguranças para ela", escreveu a influenciadora que participou do reality Power Couple na mesma edição que Luana.
Primeiro, é importante entender o que é lipedema, como ele afeta o corpo e a vida das pessoas e qual o melhor tratamento indicado. Para sanar dúvidas, o R7 conversou com Carol Mardegan, médica-cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.
Carol começa explicando que lipedema é uma doença inflamatória também conhecida por síndrome da gordura dolorosa. "A condição causa uma certa desproporção de gordura no quadril, nas nádegas e nas pernas. É uma doença quase que exclusivamente de mulheres, raramente em homens, e tem uma ligação com fatores genéticos e hormonais, podendo ser 'herdada' de geração a geração", revela.
A médica conta que as causas do lipedema ainda são desconhecidas, mas que é possível observar alterações hormonais, metabólicas e inflamatórias, além do componente genético, nas pacientes com o diagnóstico.
Ainda segundo Carol, os principais sintomas e sinais dessa condição são: acúmulo de gordura da cintura até os tornozelos; dores e peso nas pernas, principalmente em relação ao toque; hematomas espontâneos nas pernas e dificuldade de perder gordura na região. Ou seja, além de um possível incômodo estético, a condição traz desconfortos físicos que podem afetar o dia a dia de mulheres.
Para o tratamento, a especialista explica que é importante que os pacientes já diagnosticados mantenham uma alimentação com menor consumo de alimentos inflamatórios e industrializados. Além de ter uma rotina de atividade física leve e regular, seja por meio de esportes, exercícios na academia ou fisioterapia.
"Também há a possibilidade de uso de roupas de compressão, e explorar sessões de drenagem linfática pode ser benéfico. Tudo isso em coordenação com um profissional especializado", declara a médica.
orém, a cirurgia de lipoaspiração com a retirada das células de gordura doentes também é uma das possibilidades de tratamento.
Infelizmente, como todo procedimento invasivo, a lipoaspiração tem diversos riscos. Entre eles estão a embolia gordurosa (condição que causou a morte de Luana), a perfuração de órgãos, lesão de vasos, infecções, trombose, entre outros.
"A embolia gordurosa é a presença de microfragmentos de gordura que atingem a circulação sanguínea por ruptura de pequenos vasos durante a lipoaspiração. Esses pedacinhos percorrem a corrente até chegar ao pulmão, quando o paciente começa a apresentar um quadro de insuficiência respiratória aguda e parada cardiopulmonar", explica Carol.
Quando questionada se há alguma forma de prever — e evitar — que a condição ocorra, Carol informou que "infelizmente não há um exame ou marcador para mensurar o risco de embolia gordurosa em cada paciente".
Porém, a médica alertou para a questão de que alguns fatores aumentam o risco dessas complicações, como grandes volumes de gordura lipoaspirados, cirurgias de longa duração ou realizadas em ambientes inadequados.
Entretanto, mesmo que o lipedema cause desconfortos físicos e afete o dia a dia da paciente, o fator estético pode pesar na decisão de realizar ou não um procedimento tão invasivo quanto uma lipoaspiração.
A terapeuta familiar Marlene Oliveira alerta para o círculo nocivo do padrão social de beleza, que faz com que as mulheres acreditem não serem bonitas o suficiente. Isso alimenta a indústria da beleza e incentiva a busca por tratamentos, procedimentos e cirurgias que vão aproximar as mulheres desse padrão comercializado.
"[Isso faz com que] as mulheres nunca fiquem satisfeitas. Elas estão sempre procurando mais, e isso causa um sofrimento gigantesco. Inclusive, sendo gatilho para quadros psiquiátricos graves. O transtorno alimentar, por exemplo, tem como uma de suas raízes a pressão estética. A pessoa busca de forma incessante chegar a um determinado peso de maneira muito dolorosa", explica Marlene.
No caso de uma pessoa pública, como Luana, além da pressão interna, pode existir uma cobrança ainda maior externa, visto que um influenciador tem a imagem exposta diariamente a milhões de pessoas.
Nesse caso, o psicólogo Alexandre Bez, especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (Ucla), reforça a importância de fazer um acompanhamento com psicólogo ou psicanalista para lidar com os gatilhos.
"Sabemos que ser uma figura pública, tornar-se um influenciador, hoje em dia, é um desejo que muitas pessoas têm. Porém, existem as consequências, como ter que lidar com as críticas dos internautas, o que não é nada fácil. Por isso, ter um acompanhamento é muito importante, não só para essa situação, mas em diversas", declara Bez.
