Vice-governadora do DF, Celina Leão, fala sobre dengue durante reunião com o Ministério da Saúde — Foto: Fernanda Bastos/g1 Declaração foi d...
Vice-governadora do DF, Celina Leão, fala sobre dengue durante reunião com o Ministério da Saúde — Foto: Fernanda Bastos/g1
Declaração foi dada durante reunião com Ministério da Saúde e diretores de hospitais privados, nesta quarta-feira (13), no Palácio do Buriti. 'É uma crise inédita para todos nós', afirma Celina Leão; DF tem maior número de mortes por dengue no país.
Em uma reunião com representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria da Saúde do Distrito Federal e de 26 diretores de hospitais particulares de Brasília, durante a tarde desta quarta-feira (13), no Palácio do Buriti, a vice-governadora Celina Leão (PP) fez um alerta sobre os casos graves de dengue e o aumento no número de mortes.
O objetivo do encontro, de acordo com o governo do Distrito Federal, é "nivelar as informações sobre a dengue nas redes de saúde privada e pública" (veja detalhes mais abaixo). Conforme Celina Leão, "É uma crise inédita para todos nós".
Atualmente, nove unidades da federação estão classificadas pelo Ministério da Saúde como regiões com alta incidência da doença. O Distrito Federal está no topo da lista e é onde foram registradas mais mortes. De um total de 467 óbitos por dengue no país, 109 ocorreram em Brasília, o que representa 23% das mortes.
"Estamos enfrentando um vírus totalmente diferente. É preciso traçar o perfil de quem está morrendo", diz Celina Leão
De acordo com os números do Ministério da Saúde, em cada grupo de 100 mil moradores de Brasília há quase 5 mil casos de dengue. É praticamente o dobro de Minas Gerais, que está em segundo lugar no número de casos. Espírito Santo, Paraná e Goiás têm 1,2 mil casos por 100 mil habitantes.
Padronização do protocolo para atendimento a dengue
De acordo com Celina Leão, um dos objetivos da reunião é unificar o protocolo de atendimento para casos de dengue realizados no SUS também na rede privada de saúde.
Para classificação dos pacientes, o protocolo adota um sistema de letras que define o grau da doença — do mais leve para o mais grave. Para cada grau, há um manejo específico do paciente, com a possibilidade de retorno para a unidade de saúde se houver um agravamento dos sintomas (veja ilustração acima).
Por que temos mais mortes por dengue?
O médico sanitarista e professor da UnB Jonas Brant relaciona o alto número de mortes por dengue no Distrito Federal à superlotação nas unidades de saúde. Segundo ele, as redes pública e privada não estão conseguindo atender os pacientes com a atenção adequada
"Nós temos um cenário de sobrecarga na rede e aí as pequenas falhas que vão ocorrendo, devido a essa sobrecarga no sistema, acabam gerando esses óbitos. Uma pessoa com suspeita de dengue, ela deveria conseguir ter rapidamente o hemograma dela colhido e o resultado, dependendo da classificação de risco dela, ela deveria ser internada ou ter uma repetição desse hemograma", diz Brant.
O sanitarista chama a atenção também para pacientes de risco que acabam não sendo internados por causa da sobrecarga no sistema.
"Hoje a gente trabalha numa lógica de 'eu tenho uma tenda eu tenho atendimento'. Não é necessariamente ter a tenda me garante atendimento. Eu preciso ter a tenda, mas preciso ter um médico, um hemograma, o acolhimento com hidratação, tudo isso funcionando bem", aponta Jonas Brant
Dengue clássica x sinais de alarme
Dos 140 mil casos de dengue registrados desde o começo do ano em Brasília, 2.662 tiveram "sinais de alarme", segundo a Secretaria de Saúde. Outros 147 foram considerados graves.
A doença é classificada em três estágios:
DENGUE CLÁSSICA: aquela que apresenta os sintomas mais comuns como dor de cabeça, febre, mal estar, dor no corpo e dor nos olhos. Nesses casos, os sintomas desaparecem em um prazo de 5 a 7 dias;
DENGUE COM SINAIS DE ALARME: é quando aparecem outros sintomas como vômito, dor abdominal, queda de pressão, desmaio, sangramento. Nesses casos, se os sintomas não forem tratados adequadamente, a doença pode evoluir para o terceiro estágio;
DENGUE GRAVE: nessas situações, ocorre uma grande perda de líquidos dos vasos sanguíneos o que pode levar a hemorragia ou ao CHOQUE DA DENGUE.
No caso de choque, a pressão sanguínea cai e o sangue não consegue ser bombeado para o cérebro, para o coração e para os rins, provocando a falência dos órgãos.
Por Fernanda Bastos, Caroline Cintra, Talia Santos, g1 DF e TV Globo