Pão de forma — Foto: CDC/ Debora Cartagena Corporação explica que fazer teste novamente não é previsto na legislação, mas não vai deixar de ...
Pão de forma — Foto: CDC/ Debora Cartagena
Corporação explica que fazer teste novamente não é previsto na legislação, mas não vai deixar de fazer 'para prestar serviço de qualidade à comunidade'. Mudança ocorre após pesquisa apontar que marcas populares de pão de forma têm alto teor alcóolico.A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou, nesta segunda-feira (22), que motoristas que não ingeriram bebida alcoólica, mas tiveram resultado positivo no teste do bafômetro, podem passar por um "reteste". A mudança na operação de fiscalização ocorre após um estudo publicado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, conhecida como Proteste, apontar que marcas populares de pão de forma têm alto teor alcóolico (saiba mais abaixo).
"Se o condutor disser: 'óh, ingeri um bombom, ou comi alguma coisa que pode ter álcool', a gente pede para a pessoa aguardar que a gente vai fazer um reteste, depois de uns 10 minutos. É importante salientar que o reteste não é previsto na legislação, mas a gente não vai deixar de fazer o reteste, justamente pra não deixar de prestar serviço de qualidade. Se ela tiver falando a verdade, vai ser demonstrado que o ar era somente aquele da mucosa bucal e o teste vai dar zerado, assim como foi demonstrado, em apenas 3 minutos", diz o coronel da PMDF Edvã Sousa.
A Polícia Militar explica que para o resultado dar positivo, com um pão de forma, por exemplo, é preciso que a pessoa ingira o alimento e já faça o teste muito imediatamente, "o que não acontece nas fiscalizações". "O próprio tempo de conversa entre a pessoa e o policial já é um tempo razoável que esse álcool presente na boca da pessoa vai se dissipar", conta Wanderson Roldão, major da PMDF
No Brasil pela lei, um teste do bafômetro não pode passar de 0,04mg/L de álcool por litro de ar expelido. De 0,05mg a 0,33mg, é considerada infração gravíssima e acima disso, é crime de trânsito. Em três marcas analisadas de pão de forma, a quantidade de álcool poderia levar motoristas a flagrante por embriaguez em teste do bafômetro, de acordo com a pesquisa da Proteste.
Na tarde desta terça, a PMDF fez teste com voluntários. Um homem soprou o bafômetro e o resultado deu zero. Depois, ele comeu o pão, soprou de novo e o resultado foi positivo, com 0,17 miligramas de álcool por litro de ar expelido. Três minutos depois, um novo sopro e o resultado foi zero
"O que a gente mais quer é que as pessoas não morram nas vias distritais, então a busca na fiscalização é perceber as pessoas que estão sob influência de álcool. A avaliação é feita a partir do ar do pulmão e não daquela concentração que possa haver na mucosa da boca, então a gente já tem essa percepção," explica o major Roldão.
Como o álcool vai parar no pão?
receita de pão de forma sem glúten — Foto: Divulgação
O processo de fermentação, que faz com que o pão cresça, produz álcool. Apesar disso, é quase tudo evaporado enquanto o pão é assado. Segundo a Proteste, o índice de álcool encontrado no produto está na tentativa das empresas de conservar os produtos.
Segundo a associação, 10% de toda a produção de pães no Brasil é perdida por causa de mofo. Para aumentar a durabilidade do produto, as empresas usam um antimofo que é diluído em álcool.
Essa quantidade deveria ser limitada e, com isso, desapareceria até que o pão chegasse na mesa das pessoas. No entanto, isso não está acontecendo e, segundo a pesquisa, tem a ver com a quantidade de produto usada.
O alerta da Proteste é de que pães estão chegando com teor alcóolico, muitas vezes, de bebida, mas sem esse alerta aos consumidores. Com isso, crianças e gestantes, por exemplo, estão consumindo álcool sem saber.
Por Yasmim Perna, Raquel Lima, TV Globo e g1 DF